quarta-feira, 2 de novembro de 2011

O EXAME FÍSICO DAS UNHAS



O EXAME FÍSICO DAS UNHAS
Semiotecnicamente, as unhas devem ser inspecionadas e palpadas simplesmente pela compressão da borda livre.

a) cor e suas variações à compressão da borda livre;

b) forma;

c) resistência e espessura;

d) cutícula.

As alterações que deverão ser referidas propedeuticamente são:

a) cor e variações: este é um estudo tão complexo que demandaria um espaço muito grande para o texto necessário, além de exigir uma competência preliminar em outras matérias básicas do curso médico, devendo, portanto, ficar restrito aos estudantes e profissionais de medicina;

b) forma: igualmente complexa, mas podemos destacar as unhas em forma de "vidro de relógio" característica dos "dedos hipocráticos", que se caracterizam pelas últimas falanges dos dedos em forma aproximadamente esférica, descrita classicamente na literatura médica como "baqueta de tambor". Pode ter origem genética (congênita); ou decorrente de falhas da nutrição; ou em quadros cardíacos ou de câncer.

A deformação oposta é a "unha em colher" ou coiloníquia, uma expressão de alteração metabólica em alguns casos de subnutrição global e em muitos tipos de anemia.

O "sulco de Beau" é um sulco transversal, caminhando da raiz da unha até a borda livre, e as depressões puntiformes também podem ocorrer em afecções que comprometam a nutrição. Freqüentemente nestes casos também ocorrem estrias esbranquiçadas ou leuconíquia (manchas de um branco leitoso). Como a unha também cresce lateralmente e não apenas no sentido do comprimento, mais ou menos como um leque que se abre, o uso inadequado de unhas sintéticas por longos períodos pode impedir esta expansão lateral, causando uma invaginação da unha - ou seja, criando uma deformidade estrutural na forma de um ou mais sulcos, aumentando o risco de "encravamento".

A deformação conseqüente a onicofagia ("comer unha" ou "roer unha") adquire diversas formas, e exprime a insegurança, o sentimento de inferioridade, a ansiedade excessiva, enfim, a angústia constante principalmente presente em crianças e nos jovens.

A ausência de uma unha congênita ou anoníquia corresponde à falta de elementos genéticos da matriz ungueal.

c) resistência e espessura: a resistência e a espessura são variáveis com a idade, menores na infância e na velhice, e mais consistentes na idade adulta.

As alterações da resistência e espessura são a paquiníquia (unha grossa), a escleroníquia (unha dura), a onicogripose (unha grossa e encurvada no sentido longitudinal), a onicorrexis (unha excessivamente frágil e mole), a helconíxia (destruição da unha deixando à vista o leito ungueal), a onicocauxis (deslocamento da unha a partir da matriz e por debaixo cresce nova unha que expulsa a antiga) e a coloníquia (adelgaçamento das unhas).

Alguns violonistas acreditam que podem corrigir curvaturas indesejadas aplicando repetidamente uma certa pressão na borda livre da unha. A prática mostra que não se obterá o efeito desejado, podendo mesmo se criar deformidades pela manipulação obsessiva (tiques nervosos). O constante flexionamento da margem livre irá causar a fadiga da estrutura: do mesmo modo que um pedaço de arame (como um clipe de papel) que irá se romper se for repetidamente entortado no mesmo ponto, a unha se tornará frágil e propensa a se quebrar ou rasgar.

Muitos acreditam que há vantagem em se colar reforços ou pequenas tiras de esparadrapo na margem livre da unha durante as longas horas de estudo. É uma ilusão: o tira-e-põe destes "reforços" irá arrancar camadas da estrutura escamosa da unha, tornando-a fina e quebradiça na parte que mais sofre com o atrito das cordas. Geralmente não se percebe esta perda de camadas até que o dano seja extenso. O mesmo se dá quando se utilizam esmaltes com reforço de fibras: estes produtos cosméticos não foram desenvolvidos para o uso que o violonista faz - técnicas de rasgueado raspam o esmalte, o músico passa mais um pouco do produto, o resultado é sempre uma maçaroca de camadas diferentes - e o músico acaba por arrancar o esmalte todo ou recorrendo a solventes como a acetona, que fragiliza e amolece as unhas. Então o desespero faz com que se apele para fortalecedores de unha tipo "casco de cavalo": o formaldeído (cancerígeno) e os álcoois destes produtos realmente enrijece as unhas, porém causam severa desidratação (daí a necessidade de glicerinas nas fórmulas) e a excessiva rigidez aumenta o risco de quebras ou rasgos. A unha traumatizada, mais fina, é muito mais suscetível a todos os tipos de doenças, desde infecções (fungos, bactérias, etc.) até o descolamento do leito ungueal ou um rasgo com hemorragia. Note-se que a definição clínica de onicólise (destruição da unha) é justamente o descolamento da placa ungueal de seu leito. Intérpretes de certos estilos musicais, como o "blues", estão sujeitos a este tipo de traumatismo por forçarem demais um "bend" (técnica de esticar uma corda com a ponta do dedo, alterando a altura da nota digitada - tipicamente na chamada "blue note"). Neste caso, deve-se imediatamente manter a unha pressionada contra o leito, com o uso de um curativo tipo bandeide - obviamente sem permitir que o adesivo entre em contato com a unha, não só para evitar a descamação, mas também para não arrancar de novo a unha de seu leito. Recomenda-se uma consulta o quanto antes com um médico, para evitar que a unha deixe de aderir ao leito - um quadro que pode se tornar irreversível.

Geralmente, as alterações de resistência e espessura são dependentes dos processos inflamatórios de diversas etiologias: micoses, infecções purulentas por diversas bactérias, sífilis, etc.

d)cutícula: a cutícula normal é um prolongamento da pele da extremidade dos dedos, de espessura mais fina, e aderente à borda proximal da unha, tendo função protetora desta última. É ricamente vascularizada, e pela diminuição da espessura é mais sensível à dor.

A cutícula pode se inflamar, constituindo, pela infecção estreptocócica, o panarício ungueal, que poderá ser parcial ou total. Outras infecções comuns são as micóticas por epidermofíceas, muito comuns em lavradores e domésticas, principalmente pela umidade quase permanente, constituindo o "habitat" preferido para as epidermofíceas se desenvolverem.

É MUITO IMPORTANTE SALIENTAR QUE TODOS OS SINAIS DESCRITOS, CADA UM ISOLADAMENTE, POR SI SÓ, NÃO DETERMINAM O DIAGNÓSTICO DA AFECÇÃO (DOENÇA) EM CAUSA. SOMENTE O MÉDICO TEM A QUALIFICAÇÃO TÉCNICA E LEGAL NECESSÁRIA PARA EXAMINAR O QUADRO COMO UM TODO, FAZER O DIAGNÓSTICO E PRESCREVER O TRATAMENTO ADEQUADO.
Um outro aspecto muito importante a se considerar é o uso de colas instantâneas (tipo "super-bonder"). Seu uso ocasional em unhas trincadas ou rachadas, mesmo em casos de extrema necessidade (alguns minutos antes de uma apresentação, por exemplo), representa um risco elevado. Qualquer um pode entender que um ponto rígido em uma estrutura flexível sujeita a esforços é um ponto com imensa probabilidade de fratura. Imaginem a cena: o músico no palco (solando ou integrando um grupo de música de câmara), totalmente confiante na resistência da cola, sofrendo uma quebra da unha justamente onde foi colada (ou bem próximo ao "remendo"). Então será tarde demais, o momento emocionalmente traumático dificilmente será esquecido... Os adesivos instantâneos são extremamente tóxicos, podendo causar inclusive reações alérgicas. A intensidade destas reações alérgicas pode causar a perda da unha, ou mesmo quadros clínicos muito sérios.

CONCLUSÃO
Não há soluções milagrosas. Para se manter as unhas saudáveis, devemos seguir certos princípios gerais de boa saúde:

. Dieta variada (alimentar-se corretamente, evitando os excessos e vícios)

. Equilíbrio entre as atividades de trabalho e laser

. Dormir somente o que for necessário, desenvolvendo bons hábitos de sono regular (procurar recolher-se e despertar sempre nos mesmos horários)

. Cuidados com a higiene devem ser incentivados e mantidos

. Observar uma correta postura física em todas as atividades e conhecer os princípios ergonométricos envolvidos em cada atividade específica

. Devido a uma enorme variedade de elementos a serem considerados para cada indivíduo, procurar conselho médico sempre que necessário

. Manter as unhas no menor comprimento possível para evitar traumatismos

. Evitar o uso abusivo de todos os tipos de produtos químicos

. Toda medicação, ainda que de uso externo, ou mesmo o uso de vitaminas, deverá ter aconselhamento médico prévio

. Acidentes acontecem: sempre tenha cuidado

. A arte musical não está nas suas unhas, e sim no seu coração - adapte a técnica para o tipo de unhas que você tem.

Bibliografia - Um Estudo sobre Unhas / autor : Eduardo Bernin

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